quarta-feira, 15 de abril de 2009

METAMORFOSE AMBULANTE

Por Thomas Sastre

_Se hoje eu te odeio/Amanhã lhe tenho amor/Não sei quem eu sou/Lhe tenho horror/Lhe faço amor/.....Quero dizer agora o oposto do que eu disse antes...

Quando derrotado o governo de Mirinho Braga, pelo seu sucessor Toninho Branco, Búzios passou quatro anos por uma profunda crise, não só boçal, mas moral. A certeza do sonho de uma nova Búzios, de Toninho, virou pesadelo, e deu lugar a sentimentos de derrota e incompetência. Os fantasmas nascidos no campo de batalha político pareciam assombrar a vida de todos. A falta de comunicação num município dominado por uma forma patriarcal, pobre de recursos, inculto, onde as quadrilhas políticas gravitam nas periferias, entorno das casas-grandes, gerada pela mentalidade caipira, preconceituosa, provinciana, dividida insestuosamente, em sua única diversão que é ver o mato crescer, jogar lixo e esgoto na rua, sem uma classe esclarecida, onde se apoiar fizeram com que as doutrinas políticas se diluíssem nos meios políticos.
Foi em meio a toda essa crise e clima de incertezas que nasceu e se projetou o jornal Primeira Hora. Como um caçador a procura de sua presa, as reportagens são caracterizadas com arte do instinto perverso do subjetivo e da fantasia. Em sua primeira fase o Primeira Hora encontrou no terror o estilo ideal para destruir Mirinho Braga e seus aliados, satisfazendo assim a equipe de Toninho Branco, a qual ele servia. As críticas e acusações ao governo Mirinho , as vezes até mesmo pessoais e familiar, são exploradas com riquezas de detalhes, um padrão técnico do editor, forçando assim o jornal a ser aceito socialmente pela equipe de Toninho galgar degraus para ter seu pedaço de bolo garantido na partilha das secretarias .Ao contrário do que se poderia imaginar seu pagamento final foi um “chega-pra-lá”(traições em tempo de campanha políticas são infantis, em relação as traições quando uma vez eleito).Depreciado e amargurado tenta seu apoio em outros municípios da região. Sem nenhum retorno, o referido jornal, compenetrado da necessidade de falta de apoio ao Mirinho, se atira abertamente em seus braços. Passa do amor ao ódio por Toninho e tudo que possa representar o governo e sua equipe. Esquecendo que o ódio aprisiona as pessoas ao seu passado.
Os personagens criticados são descritos como se pertencessem a um universo paralelo. Suas ações como se fossem comandadas por forças do além. Nenhum deles parece ser dono do seu destino. Não há críticas naturais. Tudo é intenso, abrupto, e autônomo. O povão inculto, dependente por vocação gosta e se deixa influenciar, surgindo novos críticos literários, e balzaquianas reclamonas. Ao ver-se livre de sua sócia fundadora o Primeira Hora segue o caminho da fácil conquista:Um programa de rádio. As locuções, junto a seus lumpens amestrados se intitulam as vozes messiânicas da esperança adotam declarações nobres. Uma nova versão de um Moisés AM em ondas curtas. Combate aquilo que representa o mal segundo se julgamento, até ver o destino do trem no fim da linha. O custo de tudo isso?Uma secretaria e emprego para toda sua equipe do jornal, merecidamente.
Nomeado editor chefe do gabinete de Planejamento e Orçamento “não pode mais editar....”
A nova cara do jornal promove o trabalho do Gestor e cultua a sua personalidade “um matrix, versão 2009”. Acusações e denúncias são inspiradas na primeira fase do jornal, quando denunciava os supostos descalábrios do governo de Mirinho pra enaltecer Toninho e seus eleitores,(a ordem dos fatores não altera o produto).
Jornais com fins políticos querem ser sempre admirados. Estão sempre pulando de bote em bote, acreditando que podem revolucionar. Passam a ver seus próximos como inimigos e tentam destruí-los tornando-se intrigueiros.Há quem acredite que da admiração nasce o respeito, mas da admiração também nasce a intriga e a inveja.Quanto maiores as diferenças mais esses dois componentes, inevitavelmente predominam.Isto traz para o relacionamento político e social um elemento destrutivo, implicância e hostilidade para pequenas coisas.Acaba, desta forma, com qualquer relação político-social , desagradavelmente.
A história ensina que muitos políticos precisam da mídia, da imprensa para clamar contra sua própria espécie, como se a ela não pertencessem, enquanto se encarregam de reproduzi-las nos bastidores. O político historiador Salustio (86 - 35AC), resumiu dessa maneira a decadência do império romano: “Em Roma tudo está a venda”, Salustio o moralista, que pregava a honestidade pública, também ganhou fama por ser um grande corrupto. Por isso não se deve acreditar em declarações e publicações com fins políticos.Nestes casos, só em ações, o resto é cacofonia, cinismo puro.

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