domingo, 28 de junho de 2009

O MAIS TEMIDO REI DO BRASIL

Por - THOMAS SASTRE


O MAIS TEMIDO REI DO BRASIL



CHATÔ - Francisco Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (O MAIS TEMIDO REI DO BRASIL)

Todo ser humano nasce delinqüente. Em seus primeiros passos escuta-se a voz materna da repressão: não pode, solta isso, devolve, o bicho papão vai te pegar. Crescemos e aprendemos o significado da lei. Se os alicerces de nossa infância não está adequado a nossa educação, princípios éticos e morais. Continuaremos delinqüentes e futuros marginais no século XX surgiu um personagem protegido da policia dos políticos e do judiciário atendia pela alcunha de CHATÔ. Francisco Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. Gangster, chantagista, crápula, escroque, patife, ladrão, tarado. Assim foi chamado por críticos e inimigos acumulados em toda sua vida. Possuía um império bilionário de comunicação adquiridos na base da chantagem. Dono de cem jornais, revistas, estações de rádios e televisão. Os diários associados. Fundador do MASP. Atuou na política, nos negócios como se fosse um cidadão acima do bem e do mal.

O BICHO FOI PARIDO

Nascido no dia dos animas e de São Francisco de assim em 04 de outubro de 1892. o lugar Umbuzeiro Paraíba. Em novembro de 1904 aos 12 anos deixa de ser analfabeto. Colecionador de mais de 400 artigos dos jornalistas polemista carioca Carlos de Laet ( ominardi da época ). Apresenta sua coleção como currículo e arruma o primeiro emprego no jornal GAZETA do norte. A moda na virada do século não era noticia, mais a polemica. Aproveitando-se da briga política do marechal Hermes da Fonseca com o diplomata Manoel de Oliveira Lima escreve seu primeiro artigo em defesa de Oliveira atacando o marechal. Como a impressa do norte era Heremistas e posto para fora do jornal. Sua estréia na polemica poderia abortar por falta de palco. Astutamente mandou imprimir em folhetos seu artigo e distribuiu de mão em mão. Em busca de uma polemica que o projeta-se nacionalmente entra na briga dos intelectuais: Machado de Assis x Critico Silvio Romero .Desta vez como redator do Diário de Pernambuco publica seu veneno.

INFILTRANDO-SE NO PODER

Formado em direito desembarca no Rio de Janeiro, em outubro de 1915. Os jornais Gazeta de Notícias e Época, publica um artigo de uma disputa em Recife pela cátedra num concurso público fraudado. Seu nome aparecia como vilão da história (Chatô). Se integra com os mais notáveis nome da política e inteligência do Rio de Janeiro. Recebido no Catete pelo presidente Venceslau Brás: Diz descaradamente que é vítima por simpatizar pelo governo do próprio. O telegrama de 8 de dezembro de 1915 exige a nomeação do Dr. Chateuabriand assinado Venceslau Brás. 3 de janeiro volta a Recife triunfante. O destino não daria tempo para decidir se continuava exercendo o direito ou o jornalismo. Decide voltar ao Rio aproveitando-se da fama precoce com 25 anos. Trabalhou como advogado, escrevia textos alfinetados até a madrugada. Sua única diversão era freqüentar em companhia do chinês Fu-Shi-Kai uma casa de fumantes de ópio na Lapa carioca. Indagado se era consumidor da droga asiática, explicava que não. Só curiosidade para ver o veneno sutil penetrar no cérebro dos consumidores e dourar-lhes a fisionomia com uma alegria ingênua de criança.

CULTO A SUA PERSONALIDADE

Integrado a refinada vida intelectual e política do Rio, estar longe de ser uma unanimidade entre os cariocas mantém a postura de meter-se em tudo para tirar algum partido. Massacrava quem o criticasse ou questionara. Ao saber que o escritor e jornalista Paulo Barreto – o João do Rio – movia uma campanha para que ele deixasse o Rio. Chato anunciou aos seus amigos que introduziria métodos paraibanos para acabar com a polêmica. Mandou trazer do Recife, uma víbora cascavel e enviou ao jornalista dentro de uma caixa de chapéus embrulhada para presente, com um amável cartão.
Armazenando os podres dos políticos para futuramente chantageá-los, fazendo intrigas entre empresários, forma seu sórdido capital. Foi presidente de uma companhia de seguros. Conhece o conde Pereira Carneiro, dono do Jornal do Brasil, e arruma emprego de editor. Acreditando que poderia ser imortal aos 27 anos, decide concorrer na vaga de Olavo Bilac na Academia Brasileira de Letras. Impedido por seus amigos da qual ainda era dependente, desiste dessa aventura. Viaja a Europa como correspondente do Correio da Manhã. A obsessão jornalística de transformar tudo em notícia é ridicularizado e acaba com a sua experiência de correspondente. Mal pos os pés do Rio, volta ao Jornal do Brasil e numa viagem a São Paulo, recebe uma chamada telefônica do homem mais rico do Brasil, o Conde Francisco Matarazzo. A partir de aí, nascia uma sólida e rendosa amizade que acabaria em ódio mortal.

CHANTAGENS E LARANJAS

Após os fracassos de tentar comprar seu próprio jornal, boicoteado pelo presidente Arthur Bernardes – o país em estado de sítio – após a revolta dos 18 do Forte (o tenentismo de 1922) não lhe resta outra saída se não apelar para os laranjas. Como os jornais eram sociedades anônimas, constituídas por ações ao portador, ou que permitiam dissimular quem eram os proprietários da empresa. Chato assume a direção do ’O Jornal’.
Seria o primeiro de uma cadeia de diários, que iam gerar filhotes por todo país.

EM BUSCA DO PODER

Vivendo a delicada situação de estar rompido com o governo, decidiu consolidar suas relações com as fatias restantes do poder. No periódico mantém a coluna de protestantismo, acopla uma católica, estimula a população a usar cheques. Um cafuné nos banqueiros. Copia reportagens científicas, faz campanha pela preservação dos monumentos, publica textos de Leon Trosky, as idéias de Benito Mussolini, ataca seus concorrentes. Dá ao jornal aparência gráfica de um diário oficial. Através do deputado Lindolfo Collor, é apresentado a outro deputado o Getúlio Dornelles Vargas: um casamento talhado a canivetadas. Para azucrinar seus inimigos publica as Aventuras da Coluna Prestes “O Fogoso Capitão Gaúcho”. Semana seguinte compara Prestes a Lampião, cangaceiro assassino e ladrão. Para alegria geral, um belo depósito bancário do governo, na conta do jornal. A partir desse episódio, Prestes passou a chama-lo do nauseabundo. Sabendo dos planos de Getúlio se integra a revolução dos 30. Vargas em troca bancaria a revista O Cruzeiro. Viaja ao sul para integrar a tropa de Getúlio e fardado entra no Rio para tomar o poder do presidente Washington Luis.

CHANTAGEM NA ERA DO RADIO E DA TELEVISÃO

Extorquindo empresas americanas, monta no Rio a Rádio “Tupi o Cacique do Ar”, inaugura em São Paulo a mais potente rádio da América Latina.
Desta vez passa a usar pseudônimo “Raposo Tavares – Macaco Elétrico”, ataca políticos, empresários. Familiarizado com os podres de Getúlio, o chatageia para mudar a lei, para ter o poder de sua filha Tereza. Getúlio, curva-se e baixa a lei Teresoca. Exilados dos países vizinhos, batem a porta do seu jornal. Gastão Bernardo deportado da Argentina pelo ditador Uriburo é o novo diagramador. Introduz os títulos contados que embelezava o visual do jornal. Acaba com a paginação de fotos, que mais parecia com uma coleção de selos impressos em papel ruim. Uma dupla imbatível é contratada na revista O Cruzeiro, David Nasser e Jean Masson. E o cartunista Péricles com o seu impagável “Amigo da Onça”. Antecipando a agonia da ditadura Vargas, se alia ao brigadeiro Eduardo Gomes e o general Dutra, traindo getúlio. Dando fim ao Estado Novo. Ao ver que Dutra nomeara seu desafeto ao ministério, ameaça a posição ao novo governo. Seu novo alvo seria a Coca-Cola, que acabara de ser implantada no Brasil. Passou a divulgar reportagens de análises bacteriológicos que condenavam o refrigerante. Bastou aparecer grandes anúncios da Coca-Cola em seus jornais, que passou a ser a bebida mais agradável dos brasileiros. Como a Europa estava destruída pela guerra, se aliou ao italiano Pietro Maria Bardi. Que passou a ser seu companheiro de piratarias. Arremata obras clássicas dos mestres da pintura com o dinheiro extorquido dos empresários. Na campanha presidencial de 1950. o retorno triunfal de Getúlio Vargas acompanhado de seu novo amigo, o jornalista Samuel Wainer. Em 18 de setembro é inaugurada a emissora dos Estúdios Tupi de Televisão. Como ninguém tinha televisão, compra no exterior 200 aparelhos contrabandeados e os distribuem entre empresários e políticos. Vargas financia o jornal “Última Hora” para Samuel Wainer. Chateaubriand se alia a Carlos Lacerda para destruir o caudilho. Um atentado na Rua Toneleros, em Copacabana mata um major Rubem Vaz. Tem o dedo do Catete. Getúlio anuncia que só sai do catete morto. Uma semana após, Getúlio se suicida, Chatô que já era senador pela Paraíba, apesar de nunca ter exercido o cargo, concorre a reeleição, e em rumo a Academia Brasileira de Letras, eleito, passa a ocupar a vaga de Getúlio Vargas.

DELIRIUS TREMULUS

Tendo João Goulart como vice-presidente, Juscelino Kubitschek, vence a eleição de 3 de outubro de 1955. Chato coloca os associados a favor da posse de JK em troca da embaixada do Brasil na Inglaterra. Apesar de JK se escapulir da promessa. Chato precisava ampliar sua rede de televisão, ao mesmo tempo a justiça americana o intima judicialmente obrigando-o a pagar uma dívida de 3 milhões de dólares. Só lhe resta extorquir JK. Lhe arranca 2 milhões de dólares, que vão direto ao banco credor. Juscelino para verse livre, cede e lhe dá o cargo de embaixador. A imprensa publica em manchete “um gangster vai representar o Brasil na Inglaterra”. A sua ruidosa passagem pela Inglaterra torna-se folclórica. Condecorou Winston Churchill com a comenda que acabara de criar “A Ordem do Jagunço”. A ordem constava de um chapéu de cangaceiro, um gibão de vaqueiro de couro cru. Mandou Churchill se ajoelhar e entregou um punhal de cabo de osso e uma rapadura. Volta ao Brasil e começa a conspirar com Carlos Lacerda, a derrubada de JK. Viaja a São Paulo e é recebido por uma manifestação da UNE, manda seus capangas abrir fogo nos estudantes. 27 de fevereiro de 1960, um trombose cerebral dupla o deixa em coma. Paralítico do pescoço para baixo, uma trasqueostomia é feita para que respire. 8 dias depois sai do coma imobilizado, mudo, sentado numa cadeira de rodas, o corpo encurvado, as mãos embutiam para dentro como uma ave de rapina. Babando constantemente, volta ao ataque. Balbuciando, sua enfermeira escreve seus textos, desta vez, o alvo é o líder Fidel Castro que o chama de criminoso vulgar. Esculacha Jânio Quadros por ter condecorado Che Guevara. Conspira contra João Goulard com seu amigo íntimo, o coronel Vernom Walters, representante da CIA na América Latina. Castelo Branco, assume a presidência depois do golpe de 1964. O decreto de Castelo Branco, limita o número para 5 estações de televisão, nessa data, começa a desmoronar a Rede Associados de Televisão, nasce a Rede Globo, bancada pelo Time Life. Desesperado, em busca de sua cura, procura as forças do além. Aparece um tal de Nero de Cavalcanti dizia receber o espírito de Nero, o imperador Petrônio, Atila e Messalina, misturando pólvora, éter e sangue de galinha, fazia os feitiços, para que Chato voltasse a caminhar . Como seu tratamento não deu resultado, mandou publicar no jornal, que Nero era um vigarista que se aproveitava da boa fé alheia. Um mês antes, a revista O CRUZEIRO, publicava que Nero era o maior fenômeno espiritual. Desta vez procura Zé Arigó, conhecido por receber o espírito do Dr, Fritz, amparado e segurado pelos braços, Zé Arigó, o colocou em pé e gritou: - Dr. Assis, hoje o senhor vai andar...ANDA!!! e gritou larguem ele...ao solta-lo, se esborrachou de cara no chão. Estropiado, volta para o hospital, recebe a visita de Dom Elder Câmara, a qual o chama de Carlos Lacerda de saia. Em 4 de abril de 1968, morre de colapso cardíaco. Por coincidência, um dia antes, 3 de abril, eu tinha acabado de chegar ao Brasil. Parece que foi hoje...nada mudou, só nomes, endereços e CPF.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto, me ajudou a achar fontes sobre esse duplo personagem que foi Chateubriand, o roberto marinho de outros tempos!

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